Ela se encantou. Difícil proeza ele conseguiu. Ela o vê,
e treme.Passa mal. E sorri. Ele? Nem treme, nem passa mal...
Ela segue tentando se justificar ( como se o coração seguisse regras), julga
que longe de seus olhos ele não exista, só é boato. Como se a morada dele fosse alí, em suas brilhantes pupilas.
Vive por um sinal, um gesto, e até por uma ameaça.
Talvez não devesse ansiar tanto por algo que nem sabe se será seu.O conforto é saber que está aprendendo consigo mesma, simultaneamente ensinando sua alma. Ela percebeu que o silêncio o incomoda e o barulho o distrai. Sente calafrios, e tem a sensação de que crescera a cada um deles.
Se pergunta se amanha sentirá o mesmo.Torce para que sim. Aquela sensação a edifica mais uma vez, e mais uma...
O pensamento está em uma grande cilada, continua em frente, mesmo sem saber onde vai dar. O coração anuncia que está valendo a pena. Pois agora ela é capaz de distinguir o cheiro daquele inusitado rapaz, sem nunca tê-lo por perto. É capaz de distinguir sua voz, quando nunca uma palavra foi trocada entre os dois.
Sonhar, nem pensar! Ela o tem bem ao lado e o sonho tornaria tudo isso distante. Ela nem sabe se o ama, mas o quer assim, por perto.
"Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu"
(Chico Buarque)
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu"
(Chico Buarque)